Zeca Baleiro lança disco só com sambas autorais

Em 11 de abril de 2013, no dia em que completou 47 anos de idade, Zeca Baleiro decidiu gravar uma leva de sambas autorais, ao vivo no estúdio, acompanhado de um quinteto formado por grande músicos experts na matéria do samba, regidos pela batuta do produtor e parceiro Swami Jr.. Seis sambas inéditos foram gravados nessa primeira sessão e o projeto foi deixado de lado na lista de prioridades do artista.

Em 2019, Baleiro decidiu voltar ao disco. Recrutou a mesma banda e mais alguns convidados, e gravou outros cinco sambas. “O Samba Não é de Ninguém” é o título do álbum que resultou dessas duas sessões distantes no tempo, e que só agora vem a público, dez anos depois do primeiro take. O álbum chegou nesta sexta-feira (27 de outubro) nas plataformas digitais pelo selo do próprio artista, Saravá Discos, com distribuição da ONErpm.

A saga do projeto tem lances de hesitação, dúvida, falta de espaço na agenda, mas também denuncia um certo medo do artista. “Para mim, o samba sempre foi um lugar meio que sagrado, intocável, perigoso… Tinha medo de expor essa minha faceta, que já é antiga, mas que eu nunca havia registrado em disco. Os sambas que gravei foram sempre em tom paródico, quase como uma alusão brejeira à brasilidade, quase um samba ‘fugindo do samba’. Aqui não, aqui o samba é levado muito a sério, respeitando a tradição lírica e melódica do gênero e até emulando alguns mestres sambistas soberanos. Devo a dois amigos e parceiros o estímulo para tomar coragem e realizar de fato o disco, o poeta Sergio Natureza e Swami Jr.”, revela Zeca.

O álbum tem 11 canções, todas de Baleiro, três delas em parceria – “Casa no Céu” (com Eliakin Rufino), “Eu Pensei Que Você Fosse a Lua” (com Salgado Maranhão) e “Duas Ilhas”(com Swami Jr.). “A instrumentação é acústica e tradicional, sem arroubos de modernização, como se fosse um disco do passado. Discos de Roberto Ribeiro, Clara Nunes e Guilherme de Brito serviram de inspiração musical e sonora à produção do disco, que foi mixado por Alexandre Fontanetti e masterizado por Carlos Freitas’, afirma Baleiro.

A capa do disco, que terá versão em vinil, foi encomendada ao genial artista Elifas Andreato, responsável por capas clássicas de artistas da música brasileira, entre eles Martinho da Vila, Paulinho da Viola e Zeca Pagodinho. Elifas faleceu no ano passado e esta deve ser uma de suas últimas “capas” de disco, trabalho que tanto o apaixonava. “O Samba Não É de Ninguém” faz parte das comemorações pelos 26 anos de carreira de Baleiro, que incluiu também o álbum “Mambo Só”, que chegou nas plataformas digitais em julho. A celebração ainda engloba um álbum com Chico César, um livro de memórias e o talk show “Evoé”.

Ouça o álbum “O Samba Não é de Ninguém”, com Zeca Baleiro:

 

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